quarta-feira, 9 de maio de 2007

e no meio do nada...



,... ela parou!








ali... bem diante àquele parque que marcou sua infância...



"mas antes só tinham dois pares de gangorras..." - notei

e também...


"ahh... como eu adorava subir naquele 'andaime' de brinquedo!!" - me sentia como se estivesse superando vários obstáculos, e quando chegava láá em cima... nossa!!!... como me sentia feliz! não só por ter ultrapassado aqueles obstáculos, mas por poder ter uma vista ampla de todo o parque dali de cima!


poder analisar as outras crianças... como se dali de cima, eu pudesse cuidar de todos! pudesse prever se alguém ao correr pudesse cair... algo como um salva-vidas numa praia entupida de gente!





"criança é um bicho curioso!" - pensei agora...e hoje comentei que gostaria de ter gêmeos!!





e logo me pego numa lembrança...


"amo esse parque! sempre passo por aqui e acabo olhando com uma certa nostalgia para ele! um dia..pretendo fazer uma festa de aniversário meu aqui!...loucura, não é?! acho que não viria ninguém" - ri um tanto tímida por aquela confisão no meio de uma vaga lembrança de minha infância...





mas logo veio uma resposta animadora e quem sabe, apenas como um consolo..


"oxe! eu viria com certeza!" - disse ele, mas não me atrevi a olhá-lo, e meus olhos fixaram-se, mais uma vez ao chão.





não posso dizer que aquela resposta não tinha me animado, por mais que eu não acreditasse realmente nela, trouxe de volta aos meus lábios um sorriso encabulado pela sensação de não estar tão só.





e um pouco mais a frente, após cruzarmos o parque, atravessei a rua, como sempre... distraída. notei que vinha um carro, mas a velocidade estava baixa, e sempre tenho mania de fazer cálculos em frações de segundos e ter a noção se posso ou não atravessar...


o carro não buzinou, apenas parou próximo à espera de minha passagem. sim, só minha passagem... já que ele tinha ficado na calçada com as mãos estendidas e apreensivas em minha direção.





"ele realmente achou que eu poderia ser atropelada??" - e me culpei por tê-lo deixado preocupado.





mas agora, sempre que atravesso aquele mesmo trecho (coisa que faço todo santo dia), penso naquele momento... naquelas mãos estendidas em minha direção... naquele ligeiro momento de tensão... no semblante estampado naquele rosto... na minha posterior sensação de felicidade por ter alguém que se preocupava de fato comigo, pelo menos por algum instante.











De coração distraído e sonolento,





Viviane.

Um comentário:

Anônimo disse...

Um voz que grita para que percebam uma existência...